Tenho o hábito de colecionar frases especiais, que usam poucas palavras para apresentar grandes verdades. Algumas das mais marcantes falam da nossa maneira de lidar com as crises. Gosto daquelas que têm uma visão positiva, como uma afirmação de Ellen G. White de que “as mais difíceis experiências na vida do cristão talvez sejam as mais abençoadas” (Nossa Alta Vocação, p. 322). O poeta romano Horácio observou que “a adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas”. O historiador Eugen Weber também lembra que “tempos ruins para se viver são bons para se aprender”. Charles Colson, peça importante no caso Watergate, que acabou preso e, então, converteu-se ao cristianismo, concluiu: “Aquilo que o mundo vê como adversidade, Deus vê como oportunidade para abençoar”. Já A. W. Tozer, autor cristão, ressaltou que “Deus nunca usa alguém grandemente até que Ele o teste profundamente”. Para o pastor e evangelista Mark Finley, “nossos grandes desafios precedem nossos maiores milagres”.
A vida de Daniel e seus amigos é uma grande confirmação de todos esses conceitos. Para eles, cada crise foi uma oportunidade de vitórias maiores. Quando foram levados ao exílio, eram apenas um grupo de condenados à escravidão. Acabaram no palácio real, assumiram sua fidelidade e decidiram firmemente não se tornar impuros com as comidas do palácio real (Dn 1:8, NVI). Foi uma decisão arriscada e com alto potencial de crise. Mas Deus aproveitou a oportunidade para colocá-los em altas posições “para que em meio de uma nação de idólatras pudessem representar o Seu caráter” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 487).
Na planície de Dura, quando obrigados a adorar a estátua de Nabucodonosor, decidiram novamente permanecer fiéis. Foram ameaçados, ridicularizados, e terminaram dentro de uma fornalha superaquecida. Foi uma crise sem precedentes, mas o que parecia derrota terminou em vitória (Dn 3:30).
Mais tarde, Belsazar ocupou o trono de seu avô. Certo dia, realizou o famoso banquete que celebrava a orgia e a idolatria. Naquele momento, “o Hóspede não convidado fez sentir Sua presença” (Profetas e Reis, p. 524) e escreveu na parede o decreto de condenação do rei e seu reino. No meio da situação desesperadora, a rainha-mãe se lembrou de Daniel. Novamente, a crise se transformou em oportunidade. Daniel deu a explicação correta, foi exaltado pelo rei e passou “a ser o terceiro no governo” (Dn 5:29). Instantes depois, o reino e o rei caíram, mas Daniel permaneceu em pé.
A última e mais marcante das histórias aconteceu nos dias de Dario, dentro da cova dos leões. A inveja dos colegas, o engano do rei e uma vida de oração levaram Daniel à condenação. Então, sim, o idoso profeta parecia envolvido numa crise que o levaria à destruição. Deus “permitiu que anjos maus e homens ímpios chegassem a realizar seu propósito; mas isso foi para que pudesse tornar o livramento do Seu servo mais marcante e mais completa a derrota dos inimigos da verdade e da justiça” (Profetas e Reis, p. 543-544). Mais uma vez, Deus transformou a crise em oportunidade (Dn 6:28).
Deus continua transformando crises em oportunidades. Para isso, precisamos aprender a fugir da lamentação e a ver “em cada dificuldade” “um chamado à oração” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 667).
Erton Köhler (via Revista Adventista)